Leitura e Escrita
Conhecimento Comunicacional
- Quantidade deinformação necessária para o sucesso em uma situação comunicativa.
- Seleção da variante lingüística adequada à situação de interação.
- Adequação do gênero textual à situação comunicativa.
- Abaixo, um exemplo de “inadequação” e “desconsideração” dos papéis dos interlocutores na situação comunicativa (neste caso, intencional).
Exemplo
Conhecimento Metacomunicativo
- Permite ao locutor assegurar a compreensão do texto por parte do ouvinte/leitor.
- Utiliza-se de mecanismos que realçam a própria formulação textual, revelando um olhar do discurso para o próprio discurso.
- No exemplo a seguir, note-se a ênfase (sublinhado) no não e a palavra tira em negrito; trata-se de realces no texto que chamam a atenção para o próprio discurso.
Exemplo
Conhecimento Superestrutural
- Que espécie de conhecimento nos permite reconhecer e “classificar” o texto em um determinado gênero textual?
Texto e Contexto
Concepção de Contexto
Metáfora do iceberg – o texto é apenas a “ponta do iceberg” (o explícito); o contexto inclui o iceberg como um todo.
Ou seja, o contexto é tudo o que de alguma forma contribui para ou determina a construção do sentido do texto.
Inicialmente, o contexto era visto apenas como entorno verbal (co-texto).
Hoje o contexto é visto como uma construção sociocognitiva, e não como algo dado, fixo.
Ou seja, o contexto é tudo o que de alguma forma contribui para ou determina a construção do sentido do texto.
Inicialmente, o contexto era visto apenas como entorno verbal (co-texto).
Hoje o contexto é visto como uma construção sociocognitiva, e não como algo dado, fixo.
Exemplo - conversa de mãe e filha
- Manhê, eu vou me casar.
- Ah? O que foi? Agora não, Anabela. Não está vendo que eu estou no telefone?
- Por favor, por favoooooor, me faz um lindo vestido de noiva, urgente?
- Pois é, Carol. A Tati disse que comprava e no final mudou de idéia. Foi tudo culpa da...
- Mãe, presta atenção! O noivo já foi escolhido e a mãe dele já está fazendo a roupa. Com gravata e tudo!
- Só um minutinho, Carol. Vestido de... casar?! O que é isso, menina, você só tem dez anos? Alô, Carol?
- Me ouve, mãe! Os meus amigos também já foram convidados! E todos já confirmaram presença.
- Carol, tenho que desligar. Você está louca, Anabela? Vou já telefonar para o seu pai.
- Boa! Diz para ele que depois vai ter a maior festança. Ele precisa providenciar pipoca, bolo de aipim, pé-de-moleque, canjica, curau, milho na brasa, guaraná, quentão e, se puder, churrasco no espeto e cuscuz. E diz para ele não esquecer: quero fogueira e muito rojão pra soltar na hora do: “Sim, eu aceito”. Mãe? Mãe? Manhêêê!!! Caiu pra trás! Vinte minutos depois.
- Acorda, mãe...
- Desculpa, eu me enganei, a escola vai providenciar os comes e bebes. O papai não vai ter que pagar nada, mãe, acooooooorda. Ô vida! Que noiva sofre eu já sabia. Mas até noiva de quadrilha?!
Comentário
No texto, a mãe contextualiza a fala da filha segundo um modelo socialmente reconhecido para casamento.
A filha, por sua vez, havia contextualizou sua fala segundo o modelo socialmente reconhecido para festa junina.
O leitor provavelmente seguirá o mesmo caminho da mãe, até desconfiar que algo não se encaixa.
O contexto, portanto, inclui o co-texto + a situação interacional + a herança cognitiva dos interlocutores.
A filha, por sua vez, havia contextualizou sua fala segundo o modelo socialmente reconhecido para festa junina.
O leitor provavelmente seguirá o mesmo caminho da mãe, até desconfiar que algo não se encaixa.
O contexto, portanto, inclui o co-texto + a situação interacional + a herança cognitiva dos interlocutores.
Texto, Textualidade, Textualização
“Um texto não existe, como texto, a menos que alguém o processe como tal.”
Robert de Beaugrande (1997)
Robert de Beaugrande (1997)
Articulação Multinível do Texto
Critérios de Textualidade
Observações
- Os três grandes pilares da textualidade são o autor (produtor), o leitor (receptor) e o texto (evento).
- O acesso ao texto tem (1) um aspecto mais estritamente lingüístico (co-textualidade) e (2) um aspecto mais contextual (situacional, social, histórico, cognitivo, enciclopédico).
- Os critérios de textualidade estão inter-relacionados e todos são contextuais, se entendemos contexto de forma dinâmica
Coesão
Diz respeito aos fatores que regem a conexão referencial (feita por aspectos mais semânticos) e a conexão seqüencial (feita mais por elementos conectivos).
Processos de coesão dão conta do texto em sua estruturação superficial.
Os tópicos acima estão articulados referencial e seqüencialmente.
Entretanto, como dissemos noutro lugar, a coesão não é condição necessária nem suficiente para a coerência textual.
Processos de coesão dão conta do texto em sua estruturação superficial.
Os tópicos acima estão articulados referencial e seqüencialmente.
Entretanto, como dissemos noutro lugar, a coesão não é condição necessária nem suficiente para a coerência textual.
Exemplo de texto coerente sem coesão
Coerência Textual
Um princípio de interpretabilidade
Coerência diz respeito, primeiramente, a nossa tentativa de produzir sentido para o que lemos ou ouvimos: “Isso faz sentido”; “Aquilo não é coerente”.
Coerência não é algo no texto, mas é algo que nós leitores construímos na interação com o texto e o autor, baseados em pistas e conhecimentos de variados tipos
“Oito anos” – Como se constrói a coerência?
Por que você é flamengo
E meu pai botafogo? O que significa "impávido colosso"? Por que os ossos doem Enquanto a gente dorme? Por que os dentes caem? Por onde os filhos saem? Por que os dedos murcham Quando estou no banho? Por que as ruas enchem Quando está chovendo? Quanto é mil trilhões Vezes infinito? Quem é Jesus Cristo? Onde estão meus primos? Well, well, well, Gabriel... |
Por que o fogo queima?
Por que a lua é branca? Por que a terra roda? Por que deitar agora? Por que as cobras matam? Por que o vidro embaça? Por que você se pinta? Por que o tempo passa? Por que que a gente espirra? Por que as unhas crescem? Por que o sangue corre? Por que que a gente morre? Do que é feita a nuvem? Do que é feita a neve? Como é que se escreve Re-vèi-llon Well, well, well, Gabriel... |